sexta-feira, 23 de abril de 2010

Voe, mas volte

"Deixar partir, deixar voar. Se te pertencer, retornará." Mas e quando o que estamos deixando ir leva um pouco de nós? Não seria certo, ao menos, marcar uma visita para devolver o que nos foi roubado? Passar pelo sentimento de perda para dar valor? Mas e quando o que nos foi tomado era tão valorizado quanto nós mesmos? É justo, então, sofrer essa separação? Quando era pequena, sempre disseram para que eu segurasse firmemente minhas coisas e aqueles que amava, para que eles nunca se afastassem de mim. Mas meu medo era diferente. Meu medo era de que se eu segurasse alguém ou alguma coisa muito forte, eu seria levada junto. De fato, aprendi a deixar, simplesmente abandonar tudo, deixar que as coisas e as pessoas tomassem seu próprio rumo, sem que eu interferisse. Largar as rédeas, tentando não impor meu mais intimo desejo: mantê-las ali. Dizem que o segredo é não correr atrás das borboletas, e sim, cultivar seu jardim para que elas venham até ele. Mas e quando nos mexemos bruscamente nesse jardim? As borboletas voam. Por mais que ele seja bonito, elas terão medo de retornar. Justamente assim que me encontro, com um jardim esplendoroso, porém, vazio. Vejo-as voando por aí. Em jardins talvez não tão bonitos quanto o meu, mas tranqüilas porque sabem que nada irá acontecer, que não terão de voar para longe, por medo. Penso então: mas que chatice! Onde está o perigo, a adrenalina? Enxergo apenas rotina. Como elas mostrarão sua beleza sem voar por aí? Por isso, peço: volte, minha linda borboleta. Retorne para o jardim mais belo que já viste. Volte para onde teu coração irá bater forte e teu ar irá faltar. Volte para onde tu jamais deverias ter deixado. Mas, antes, pertença-me. Se é teu, retornará.

2 comentários:

  1. Amei.
    "sabia que Deus pinta cada cor de uma borboleta com as próprias mãos?"
    Beijoo linda.

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  2. Me identifiquei muito com o texto Lê *-*

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